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Exames de neuroimagem são confiáveis?


Reportagem
edição 198 - Julho 2009
Exames de neuroimagem são confiáveis?
Artigo assinado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade da Califórnia em San Diego sugere que boa parte dos estudos de neurociência cognitiva que utilizam ressonância magnética funcional (fMRI) pode estar comprometida por análises estatísticas inadequadas que alteram seus resultados
por Luciana Christante
GEOFF TOMPKINSON/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Dia 23 de dezembro de 2008. Enquanto a maioria das pessoas estava preocupada em comprar presentes de Natal ou preparar as malas rumo às férias, um periódico americano, o Perspectives on Psychological Science, liberou o acesso de um de seus artigo antes que fosse publicado – prática comum quando os editores percebem que um estudo terá grande repercussão. Seis dias depois, um dos blogs americanos mais populares entre a comunidade de neurocientistas, o Mind Hacks, definiu a notícia como “uma bomba”. O assunto se espalhou rapidamente por outros “neuroblogs”, que bateram recordes em comentários. Na mídia impressa a novidade começou a ser alardeada apenas na segunda quinzena de janeiro de 2009, em revistas científicas como Nature, New Scientist e Scientific American, entre outras. Assinado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade da Califórnia em San Diego, o artigo sugere que boa parte dos estudos de neurociência cognitiva que utilizam ressonância magnética funcional (fMRI) pode estar comprometida por análises estatísticas inadequadas que alteram seus resultados. São os mesmos estudos que ocupam o noticiário de ciência da grande imprensa quase todos os dias, em que se exaltam as descobertas de áreas cerebrais ligadas à ansiedade, à empatia, ao desejo sexual e assim por diante – sempre acompanhados, é claro, das típicas imagens coloridas do cérebro.

Segundo Ed Vul, doutorando do MIT e primeiro autor do paper, a pesquisa foi motivada pela grande quantidade de estudos que relatam coeficientes de correlação incrivelmente altos entre variáveis comportamentais e atividade cerebral localizada. Numa escala de 0 a 1, muitos deles encontram correlações de 0,8 ou 0,9. “É bastante implausível, considerando o que sabemos sobre as limitações da fMRI e toda a manipulação pela qual passam os dados”, disse Vul por e-mail. O artigo da Perspectives analisa resultados de 54 estudos, dos quais “metade não significa quase nada, porque está sistematicamente inflacionada por análises enviesadas”, escreveram os autores.

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